Autores viajam 2500 km para trazerem para a Flip sua literatura de cordel

Moradores de Esperança – PB, Querindina e Macambira, caracterizados de cangaceiros e casados a 27 anos, vem pela oitava vez divulgar suas obras na festa literária.

Querindina é professora de sociologia da rede pública e Macambira é escritor autônomo. Suas obras, impressas em folhetins, guardam versos compostos com grande criatividade e personalidade. Um em especial chamou atenção. Um dia antes de embarcarem para Paraty, os repentistas produziram de ultima hora 300 exemplares de folhetins homenageando os três escritores integrantes da Academia Brasileira de Letras, falecidos recentemente.

Querindina reclamou não ter visto em nenhum momento nada na Festa Literária homenageando os escritores que batizou de imortais, por isso fazia imensa questão de recitar a todos os momentos os versos sobre Suassuna, Ubaldo e Ivan Junqueira. Leia um trechinho:

“Foi em vinte e um dias

Que tudo aconteceu

Perdemos 3 imortais

Foi algo que estremeceu

Mais pobre que nossa cultura

Nosso Brasil mais plebeu”

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Perto deles, outro repentista também divulgava suas obras. Paulo Cavalcante realizou uma verdadeira aventura para chegar em Paraty. Saindo de Campina Grande-PB no dia 9 de julho, passou por 73 cidades divulgando seus três livros, um inclusive já na sexta edição.

Foram 2300 km de motocicleta passando em escolas e bibliotecas deixando exemplares de seus romances. Sua maior obra, Seca no Seridó, já é comparada à Vidas Secas em algumas universidades em Porto Alegre. Trecho do livro A Seca no Seridó:

“Muitas léguas caminhou estrada afora

 precisando encontrar ocupação

 de alpercata e na cabeça um matulão

 prosseguiu passos firmes sem demora

 se lembrando da família e de hora em hora

persistente só pensava no seu lar

 desejava mas não podia voltar

 pois a seca lhe expulsava sem piedade

 coração carregado de saudade.

Era um expatriado a caminhar…”

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  Marina Valécio, 18

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